Reforma Íntima: Cura e Libertação

Por: Samara Milani

“Assumir total responsabilidade por todas as coisas que acontecem em nossa vida, incluindo sentimentos e emoções, é um passo decisivo em direção a nossa maturidade e crescimento interior”. (Francisco do Espírito Santo Neto, ditado pelo espírito Hammed – Livro: Renovando atitudes).

Falar de reforma íntima é assumir uma nova forma para o nosso íntimo. Como o próprio nome diz trata-se de “reformar”, que segundo o dicionário significa “renunciar a maus hábitos”, “dar a melhor forma”, e assim então fazer com que seja possível renovar-se para a busca da evolução espiritual. E quais seriam os passos para a evolução, senão a aquisição de virtudes.

Deus é misericordioso de tal forma que, nós ainda como espíritos em processo de evolução, dificilmente compreendemos na prática do sentir como é ser misericordioso. A misericórdia consiste no esquecimento e perdão das ofensas, virtude que assim como tantas outras devemos buscar desenvolver para a nossa reforma íntima.

Trilhar este processo para reestruturação íntima nos oferta mais conhecimentos, principalmente o conhecimento espiritual revelado pela doutrina espírita, quando todo conhecimento adquirido não se é perdido, portanto temos a consciência de que após adquiridos não podemos alegar ignorância. Por isso a doutrina trata da lei de Ação e Reação de maneira tão esclarecedora para nos apresentar o fato de que absolutamente tudo o que nos acontece é consequência dos nossos próprios atos e atitudes, não nos permitindo mais reclamar. Porém devemos nos lembrar também que muitos de nós ainda somos “bebês” no processo de evolução espiritual e as cobranças devem estar balanceadas com o grau evolutivo de cada um.

A busca pelo autoconhecimento é ferramenta primordial para esta renovação íntima que será capaz de nos proporcionar a cura e libertação provenientes deste processo incansável de evolução que nos faz compreender que mesmo no caminho do Bem, ainda temos muito a percorrer, e que não somente permanecer neste caminho é a nossa tarefa, mas também assumirmos o nosso papel como responsáveis das nossas vidas para agirmos com muita disciplina e caminharmos em busca do nosso objetivo maior nesta existência que é evoluir conforme a Lei do Progresso (moral, intelectual e material).

Na Lei do Progresso a evolução espiritual é classificada em três ordens:

1ª ordem: Espíritos Puros (superioridade intelectual e moral);

2ª ordem: Bons Espíritos (são bondosos movidos pelo amor);

3ª ordem: Espíritos Imperfeitos (presos a ignorância, a matéria e estão propensos ao mal).

Para uma reforma positiva e edificante é necessário identificarmos quais as principais e mais importantes atitudes devemos olhar dentro de nós mesmos, e uma maneira eficaz dessa identificação é olhar o nosso próximo. Ao tratarmos a indulgência em nós, estamos exercitando uma virtude capaz de usar o defeito no outro como ingrediente na nossa melhora. O outro é um espelho que reflete nossos principais pontos a melhorar, contudo ele é também um irmão que possui dentro de si a centelha divina, sendo assim merece todo o nosso respeito e admiração. A questão principal é: cada um vive o seu momento conforme seu grau evolutivo, decorrentes de escolhas feitas na existência presente e muitas vezes colhendo os frutos de semeaduras anteriores nas vidas pretéritas, as chamadas expiações. Ao conseguirmos ter clareza de que somente somos capazes de oferecer ao outro o que temos dentro de nós, conseguiremos nos restaurar intimamente sem culpas e martírios. Com a chegada da maturidade compreendemos que só é possível reconhecer no outro o que um dia vivenciamos em nós, nesta ou em outra existência, estando registrado no nosso períspirito.

Um exercício prático muito simples capaz de demonstrar esta afirmação do que o outro reflete em nós é apontarmos o dedo indicador para o outro e percebermos que quando o apontamos, os demais dedos da mão (excluindo o dedo polegar) se voltam para nós mesmos. Concluindo assim que ao apontar um dedo para o nosso próximo apontamos três dedos para nós mesmos.

Desde a infância estamos preparados para iniciar um processo de reforma íntima pois temos nossos débitos de existências passadas, portanto é de suma importância que já neste período de vida sejam introduzidas leis pertinentes para falar com as crianças, como por exemplo: a Origem Divina, Livre Arbítrio, Provas e Expiações, Lei de Ação e Reação/Causa e Efeito, Reencarnação, Imortalidade e a Comunicação com os Espíritos. “Toda vez que se forma o corpo físico, são recordadas as fases pregressas do espírito, e reimpressas no novo embrião os arquivos do passado. Portanto, sempre seremos os construtores do próprio destino” (Edson Tomazelli – Livro: Que herança merecemos?).

A vida retrata uma ação que é convite para outra ação semelhante. Desse modo que os semelhantes se atraem, através de vínculos e sintonias mentais capazes de fazer com que o outro seja instrumento para motivar a nossa própria ação. Quando nos reformamos intimamente o “querer ser melhor ou tão bom quanto” passa a ser tratado como uma virtude e não como ação do próprio ego. Crer e confiar no amor de Deus nos faz aceitar que Ele, nosso Pai misericordioso, não nos priva de prestarmos contas pelas nossas ações pois delas necessitamos para enriquecer cada vez mais nosso processo evolutivo.

Sendo assim, quanto mais nos conhecemos, mais somos capazes de obter a cura e a libertação nesta existência, porque a cura só é possível com o autoconhecimento capaz de nos proporcionar a execução da autodisciplina, esta habilidade de obrigar-se a fazer, e também o auto perdão, responsável por nos libertarmos das culpas e mágoas, concluindo, portanto, um processo importante e necessário para a reforma íntima.

Trechos da “Prece da Palavra” (escrita por Francisco do Espírito Santo Neto ditado por Hammed, do livro: Lucidez, a luz que acende a alma) para que seja utilizada como ferramenta no processo íntimo de reforma para cada um de nós: “Sei, Jesus, que devo administrar os pensamentos para gerar equilíbrio e, a partir daí, ter o verbo elevado e a voz consoladora. Por isso, ensina-me a acrescentar em minhas atividades o amor, para que eu possa extinguir gradativamente a delinquência e a violência que há na Terra. Dá-me a habilidade de usar expressões na ocasião certa para que todos consigam viver com mais autodomínio, respeito e moderação. (...)

Auxilia-me a analisar criteriosamente as coisas que verbalizo diariamente, pois, assim, estarei em condições de esclarecer e ajudar a todos, ensinando a ciência da frase correta e expressiva. Falar sem refletir é disparar uma flecha sem apontar. (...)

Inspira-me a todo instante a conversações que revelem fé e otimismo – “vou melhorar”, “em que posso ajudar?”, “vou aprender”, “estou conseguindo”, “eu sempre venço os problemas”. Hoje mais do que nunca, sei que devo afirmar com otimismo tudo o que almejo. Afirmações são forças poderosas e, invariavelmente, dizem algo a respeito dos anseios mais íntimos. Ajuda-me, Senhor, a potencializar e validar o que de bom acontece ou aconteceu”. (...)

Guia-me, Cristo de Deus, para o caminho do bom senso, da reflexão, da flexibilidade, e conduze minha expressividade por tua mente altiva e digna”.

Assim Seja!

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