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As Parábolas de Jesus


Cecília Alves


As palavras do Cristo nem sempre são bem compreendidas, principalmente se tentarmos interpretá-las em seu sentido literal, uma vez que o Mestre Jesus nos falava por parábolas.


Antes que discorramos sobre as palavras do Mestre teceremos alguns comentários sobre a figura de Jesus Cristo.


Ivana Raisky, em seu artigo O Evangelho de Jesus em nossas Vidas, encontrado no livro “Parábolas de Jesus à Luz da Doutrina Espírita” (PAPA, 2019, p. 25), nos relata que Jesus é um Espírito criado por Deus, simples e ignorante quando de sua criação, mas que, ao longo de sua trajetória, tornou-se um Espírito puro, perfeito.


Ivana segue afirmando ainda que o Cristo, como orientador, acompanha cuidadosamente a evolução do nosso planeta e que poderia habitar mundos superiores; porém decidiu vir ao Planeta Terra, para que nos pudesse ensinar as Leis de Deus, através de seu próprio exemplo.


José Passini, em seu artigo “O Educador de Almas”, no mesmo livro, afirma que Jesus Cristo foi testemunho do que ensinou e que o Mestre deu demonstração pessoal de todos os ensinamentos que deixou ao mundo através das suas parábolas, um exemplo minucioso de conduta a ser seguida.


Apesar de conhecermos a trajetória do Cristo nem sempre seus ensinamentos são bem compreendidos, visto que, como nos referimos anteriormente, o Nazareno nos falava através de parábolas.


Temi Mary Simionato, em seu artigo para o livro “Parábolas de Jesus à Luz da Doutrina Espírita” (PAPA, 2019, p. 57) nos mostra que o objetivo de uma parábola, de modo geral, é transmitir ensinamentos indispensáveis à compreensão humana.


No livro “A Gênese”, Kardec (2020), citando os Evangelhos de João e Mateus, nos ensina que, se o Cristo no tempo em que esteve na Terra falava por alegorias (parábolas) e não disse tudo, ou não o disse de forma mais clara, agiu assim de acordo com o entendimento do homem da época, visto que ainda não estavam preparados para compreender seus ensinos na totalidade, ou, ainda, que poderiam interpretá-lo mal, deturpando seus ensinamentos.

Com o passar dos séculos e, consequentemente, com a evolução humana, o entendimento do homem se aclararia, o que, segundo Kardec, leva à completude das lições deixadas pelo Cristo. Neste ponto, Allan Kardec destaca que isto não significa que os ensinamentos deixados por Jesus estavam incompletos em si mesmos quando de sua passagem pelo planeta terreno, mas que, com o desenvolvimento do homem, os ensinamentos do Nazareno poderiam ser mais bem explicados e compreendidos.


Quando Jesus, como um jardineiro, deixou entre nós as sementes de seu evangelho, estas ainda não possuíam condições de brotar em sua pujança, mas permaneceram entre nós, atravessando os séculos e acompanhando a evolução humana para que pudessem, então dar seus melhores frutos. Os ensinamentos do mestre Jesus atravessaram os tempos através da força da figura das palavras por ele utilizadas e, apenas aos poucos, foi possível alcançar melhor entendimento de suas orientações.


A respeito das lições deixadas pelo Cristo nos ensina O Livro do Espíritos, em sua questão 627 (KARDEC, 2019):


Uma vez que Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, qual a utilidade do ensinamento dado pelos Espíritos? Eles têm algo a mais a ensinar-nos?


– A palavra de Jesus frequentemente era alegórica e em parábolas, porque ele falava de acordo com seu tempo e lugar. Agora, é preciso que a verdade seja inteligível para todo mundo. É preciso explicar bem e desenvolver essas leis, já que tão poucos são os que as compreendem, e ainda menos os que as praticam. Nossa missão é chocar os olhos e os ouvidos para confundir os orgulhosos e desmascarar os hipócritas: os que assumem as aparências da virtude e da religião a fim de esconder suas torpezas. O ensinamento dos Espíritos deve ser claro e sem equívocos, para que ninguém possa usar a ignorância como pretexto e para que cada um possa julgá-lo e apreciá-lo através de sua própria razão. Nós somos encarregados de preparar o reino do bem anunciado por Jesus. É por isso que não se pode deixar que cada um interprete a lei de Deus de acordo com suas paixões, nem falsear o sentido de uma lei que é toda de amor e caridade.


Da questão acima compreende-se que, apesar de Jesus Cristo nos ter ensinado as Leis de Deus, muitas vezes ela sofre adulterações ou dificuldades de interpretação do seu real sentido, e a Doutrina dos Espíritos nos vem auxiliar neste entendimento. Podemos observar, por exemplo, no Evangelho Segundo o Espiritismo, o qual traz inúmeras parábolas do Cristo de forma esmiuçada, ou seja, de modo mais fácil para compreensão e, por que não dizer, aplicabilidade do leitor ao seu cotidiano.


Não é forçoso frisar que as parábolas do Cristo, apesar de terem nascido de situações vivenciadas por Ele, como nos ensina Adriano Genovez (PAPA, 2019, p. 57), são, muitas vezes, descritas em um sentido figurado, alegórico, como demonstra Temi Mary Simionato (PAPA, 2019, p. 57), e que possuem como objetivo a transmissão de preceitos de ordem moral, como inclusive mencionamos alhures.


Simionato segue nos ensinando que, para a compreensão dos ensinamentos de Jesus, é preciso ir além da superfície das palavras, e buscar o significado profundo de suas narrativas, não se constituindo suas parábolas apenas em “simples histórias” ou “meras comparações”, mas verdadeiras lições de conduta moral para a vida.


Temi Mary prossegue acertadamente quando diz que aqueles que se prendem apenas ao sentido figurado conseguem ver apenas a forma do que é dito, mas não seu conteúdo.


Compartilhamos da opinião dos autores Simionato e Temi Mary, do livro de Papa (2019), e assinalamos ainda que os ensinamentos deixados por Jesus os foram para que nós os tomássemos como modelos, e não para que fôssemos espectadores passivos de sua existência, o que faria atrasar nossa marcha evolutiva e apequenar a vinda do Cristo ao Planeta Terra.

REFERÊNCIAS:

KARDEC, Allan. A Gênese. 1º ed. Capivari: EME, 2020.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 41º reimp. Capivari: EME, 2018.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 24º reimp. Capivari: EME, 2019.

PAPA, Rafael (organizador). Parábolas de Jesus à Luz da Doutrina Espírita. 1. imp . Juiz de Fora: Fergus, 2019.

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